quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Feiticeiras

ARTUR, A ILHA E AS FEITICEIRAS

No poema mítico galês Preiddu Annwfn (Os Espólios de Annwn), possivelmente do século X e atribuído ao bardo Taliesin, há a narrativa de uma jornada de Artur a Annwn, o Outro Mundo celta na mitologia do País de Gales. Em Annwn, havia um caldeirão mágico, que fervia ao sopro de nove virgens, guardiãs desse caldeirão.

Geoffrey de Monmouth, em Vita Merlini (cerca de 1132), descreve Avalon como uma ilha paradisíaca, onde plantas cresciam magicamente, inclusive cereais, vinhas e principalmente macieiras. Nove feiticeiras, lideradas por Morgana le Fay, habitavam essa "ilha abençoada" no além-mar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Druidesas (2)

AS SAMNITAE

No século I a.C., o historiador e geógrafo romano Estrabão, citando Posidônio, descreveu uma comunidade de sacerdotisas célticas, que viviam isoladas em uma ilha na foz do rio Loire. Essas mulheres - chamadas Samnitae - não permitiam a presença de homens em sua ilha, mas iam até o continente para ter relações sexuais quando desejavam. Elas cultuavam um deus semelhante a Dioniso, e tinham rituais misteriosos, um dos quais era demolir e reconstruir freneticamente o teto de um templo em apenas um dia. Esse ritual era realizado uma vez por ano e incluía a prática de sacrifício.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

DRUIDESAS (1)

AS GALLIZENAE

No ano de 44 d.C., Pomponius Mela, um cidadão romano de origem hispânica, descreveu uma ilha, a oeste da (atual) Bretanha francesa, habitada por nove sacerdotisas virgens, as Gallizenae. Dizia-se que elas eram capazes de predizer o futuro, mudar de forma física, curar todo tipo de doenças, e comandar os ventos e as ondas do mar por meio de encantamentos mágicos. A Insula Sena, ou Ilha de Sena, era um santuário no mar diante do território dos Osímios, um dos quatro povos celtas que habitavam a Armórica, ou Bretanha francesa. Nesse santuário, as Gallizenae se dedicavam ao culto de uma divindade gaulesa, cujo nome não é mencionado por Mela.

sábado, 15 de agosto de 2009

Druidesa ou druidisa?


Ambas as formas são corretas. Segundo José Pereira da Silva,

"manifestam o feminino por meio dos sufixos derivacionais –esa, -essa, -isa, -triz, -ez: abade – abadessa, alcaide – alcaidessa (ou alcaidina), ator – atriz, barão – baronesa, bispo – episcopisa, conde – condessa, condestável – condestablessa, cônego – canonisa, cônsul – consulesa, diácono – diaconisa, doge – dogesa, dogaresa ou dogaressa, druida – druidesa, druidisa (ocorre em O. Bilac), duque – duquesa, embaixador – embaixatriz (embaixadora), etíope – etiopisa, imperador – imperatriz, jogral – jogralesa, papa – papisa, píton – pitonisa, poeta – poetisa, príncipe – princesa, profeta – profetisa, sacerdote – sacerdotisa, visconde – viscondessa."

Em: A INEXISTÊNCIA DA FLEXÃO DE GÊNERO NOS SUBSTANTIVOS DA LÍNGUA PORTUGUESA.
http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit01/sliit01_09-28.html

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Druida ou Druidesa?

Segundo o mesmo Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, publicado pelo MEC, druida é substantivo masculino:

"DRUIDA, s.m. Antigo sacerdote entre os gauleses e bretões."

O feminino de druida seria:

"DRUIDESA, s.f. Sacerdotisa céltica. (Fem. de druida)" p. 384

Mas na Língua Portuguesa, pode-se usar o substantivo masculino singular para se referir a todo um grupo, classe ou povo, como, por exemplo:

"O bom aluno é aquele que estuda sempre." (= "Bons alunos, sejam meninos ou meninas, estudam sempre.")

"O Druida é, antes de tudo, um sacerdote." (="Druidas, homens e mulheres, são antes de tudo, sacerdotes")

Também se pode criar um neologismo, criando um adjetivo sinônimo para druídico:

"O Blog da Druidesa - reflexões de uma alma druida"

A arqueóloga Miranda Green disse que os antigos Druidas eram "agitadores sociais". Então, druidas modernos podemos ser subversivos da língua.

E viva a licença poética!

Druida ou druí -da?

Qual a pronúncia correta?

Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, publicado pelo MEC:

"DRUIDA, s.m. Antigo sacerdote entre os gauleses e bretões. (O Peq. Voc. da A.B.L. manda colocar o acento agudo em u, mas não há necessidade: o caso é o mesmo de gratuito, muito, etc.; não há perigo de confusão prosódica com druída, que, se existisse, levaria acento no i, obrigatoriamente.)" p.384

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A alimentação do Druida

O que os antigos Druidas comiam? O que eles não comiam?

Não temos uma descrição completa da dieta (dos hábitos alimentares) dos Druidas na Antiguidade; mas podemos ter uma idéia com base nos poucos relatos de escritores clássicos na Gália e Bretanha e nos textos antigos sobre a Irlanda que sobreviveram até nossos dias. A mitologia celta e as escavações arqueológicas também fornecem indícios de como deve ter sido a base da alimentação druídica.


É importante lembrar que os Druidas eram primeiramente celtas e, portanto, sua alimentação não devia ser muito diferente da que era consumida pelo resto do povo. Os celtas consumiam cereais como aveia, cevada, trigo, centeio, etc, na forma de pães, bolos, sopas e mingaus. O mingau de aveia (favorito do Dagda, o Deus-druida), era feito com sal ou adoçado com mel.

Ervilhas, lentilhas e outros alimentos vegetais também eram apreciados. Entre as frutas, a maçã aparece com freqüência não só na toponímia céltica como também nas lendas de deuses, fadas e heróis. A avelã e os frutos da sorveira são alguns dos alimentos fornecidos pelas árvores sagradas do Ogham.



Os celtas também consumiam leite e queijo, produtos associados com o festival de Imbolc na Irlanda, sendo Brigid a deusa padroeira da atividade pastoril e protetora dos rebanhos. As refeições celtas normalmente incluíam carne, tanto de animais domésticos (boi, porco, carneiro, etc) quanto a de caça (javali, gamo, etc). Os celtas gostavam de carne com pão.




Então os Druidas não eram vegetarianos? Não, nunca foram, que se tenha notícia... Pelo contrário, a ingestão de carne era um elemento ritualístico em algumas práticas xamânicas druídicas. Há relatos de Druidas mascando carne de touro crua (na Irlanda) e de porco, gato ou cão (na Escócia) para alcançar o transe extático para profecia.

Os celtas também comiam muito peixe - de rio, lago ou mar - além de mariscos e algas marinhas. O salmão era considerado um animal sábio, e acreditava-se que ingerir sua carne era uma forma de adquirir sua sabedoria. Cozinhando-se as algas com leite, fazia-se o carrageen, prato típico irlandês até hoje.



As bebidas também eram parte do cotidiano alimentar dos celtas. O vinho era normalmente importado da Grécia, sendo mais consumido pelos chefes. Mas a cerveja era fabricada pelas famílias, sendo de fácil acesso a todos. Feita normalmente de cevada (embora também se usasse trigo, aveia ou centeio), a cerveja era mais densa e nutritiva que a produzida industrialmente hoje. Os celtas também apreciavam hidromel, feito com o mel de abelhas silvestres.

Havia algum alimento que os celtas ou os Druidas não comessem, por motivos religiosos ou filosóficos?

Segundo Júlio César, os bretões se recusavam a comer carne de grou porque acreditavam que ele poderia ter sido humano em outra vida. Os Druidas não comiam carne de galo, ganso ou lebre - os motivos desse tabu alimentar ainda é objeto de estudo e especulação para historiadores.



Os celtas cozinhavam e assavam seus alimentos, e faziam uso de ervas não só pelo seu valor medicinal, nutritivo e mágico, mas também para realçar o sabor da comida. Cozinhar com prazer, comer com prazer - ensinamentos do Deus-druida, o Senhor do Caldeirão. Quem come bem é mais feliz.